Acho que talvez

Por que, meu Deus, que quando a rua é curva eu quero reta,
Quando o Sol dia eu quero noite
Quando não há saída eu quero seta?

Por que quando há despedida eu quero a volta
Quando há entrega eu não quero mais
E quando se junta eu peço "solta"?

Pecado é querer demais
mas em meio à minha própria confusão
Eu só queria um pouco de paz. 

4 comentários:

  1. Procurei por muito tempo essas respostas, ou ao menos a lógica que permeava nisso tudo, em vão.

    O mais próximo que cheguei, foi da constatação de que nós, os neuróticos, temos a tendência, talvez mesmo o vício, de sentir a realidade sempre de forma mais insatisfatória que o sonho. Que o algo da ordem do real, nunca é tão satisfatório quanto o algo da ordem da fantasia. E que quando achamos que sim, por alguns momentos, o tempo nos dirá que não, porque a fantasia se esvai aos poucos e o que fica é o real, e aí insatisfatório.

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    1. André, vez ou outra me pego pensando nessa nossa necessidade, até mesmo compulsão pela fuga do real. Estava até escrevendo um texto sobre isso, mas nenhuma conclusão, nem mesmo teoria eu consegui alcançar. Seria isso trágico? É aí que entram bebidas, drogas e diversos outros tipos de tentativa de alienação do real.
      É, acho que é trágico.

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  2. Você escreve tão lindo, tão simples, tão natural.
    Às vezes me descreve, me escreve!
    Parabéns pelo talento e a capacidade de correr solta feito água livre.

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    1. Muito obrigada!! Como é bom ler um comentário tão sincero e poético...! Me remeteu a Manoel de Barros e espero que assim eu siga, que sigamos: soltos como água livre. Obrigada mais uma vez pelo carinho e pelo comentário tão bonito.

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