São tempos confusos
Assim, bem malucos
Para todos: poetas, monges, caducos.
Onde o corpo anda e a alma fica
A boca quer e o orgulho cala
A voz grita mas não é ouvida
E o olho grande te faz sala
São tempos loucos
Difíceis para os que amam
Trágicos para os que sonham
São tempos poucos
Pois nunca essa vida correu tanto
E nunca se ouviu por aí tanto pranto
Acalma o peito
Chora manso
Chora por tudo que não te deram jeito
que não te deram tempo
que nem por você foi aceito
Chora pelo choro que você não pôde chorar
Acalma a alma e escuta:
a paz grita.
Conheça-te.
Entenda-te.
Respeita-te.
Respira.
Não precisa de outro emprego,
Família, carro, apartamento.
Mesmo com um mundo todo lá fora
O que pesa mais tá aí dentro.